Neste domingo somos inseridos
pela Sagrada Liturgia num dos grandes mistérios da nossa fé, a Santíssima
Trindade. À primeira vista seria impossível à razão conceber a existência de um
Deus em três pessoas distintas e que, ao mesmo tempo, seja uno. Na história da
Igreja percebemos um grande esforço tanto de filósofos quanto de teólogos para
traduzir, em palavras e em conceitos, este grande e inexaurível mistério.
Deus colocou em nosso coração o
desejo da verdade, o desejo de conhecê-lo. Em sua encíclica Fides et Ratio, o grande e santo João
Paulo II nos ensina que este desejo só será saciado quando nos utilizarmos de nossas
duas asas: as asas da fé e da razão. Me responda: por acaso, um pássaro conseguiria
voar com uma só asa? Nesse sentido, se absolutizarmos a compreensão e
conhecimento de Deus somente em um âmbito teremos uma fé defeituosa; mas,
quando nos utilizamos das duas asas, alcançaremos vôos maiores e mais altos até
onde a nossa capacidade humana consegue alcançar.
Recordo-me de uma história
contada no tempo de catequese que nos ajuda a entender e ilustrar a
impossibilidade de se conhecer por completo este mistério. Certa vez, Santo
Agostinho andava pela praia, se perguntando sobre este mistério. Ao se perguntar
sobre isso, ele se depara com um garoto que,
com um pequeno balde, recolhia a água do mar para depositá-la em um pequeno
buraco cavado por ele na areia.
Ao tomar a palavra “mistério” em
alguns dicionários de língua portuguesa, encontramos como uma das explicações,
que se refere a algo que não pode ser conhecido totalmente, mas em partes. No decorrer
dos tempos, a partir de uma aprofundada exegese, aliada ao Magistério e à
Tradição, avançamos muito na compreensão deste importante mistério de fé.
Só mesmo, portanto, a partir da
Revelação de Deus, que foi se manifestando ao ser humano ao longo da História, plenificada
em Jesus Cristo e confirmada através da força do Espírito Santo, é que podemos
afirmar, com toda a certeza de nosso coração, a existência de um Deus que,
transbordando de profundo amor para conosco, se revela em três pessoas: no Pai,
no Filho e no Espírito Santo. É neste Deus, é nesta fé, que somos, existimos e
nos movemos. Uma Trindade que é puramente uma comunhão de amor: “de um que ama,
um que é amado e uma fonte de amor”.
Luís Fernando Cruz, Seminarista do 3º ano de filosofia.
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