quinta-feira, 7 de abril de 2016

Rasgue-se ao novo de Deus no cotidiano

Deus nos fala no cotidiano e no simples. Digo isto porque inúmeras vezes me surpreendo com atitudes que despertam em mim sentimentos e pensamentos que com o passar do tempo são esquecidos ou taxados como infantis por várias pessoas.




Como muitos, utilizo o transporte público para me locomover, mas aqui não vim pregar um discurso sobre a qualidade dos mesmos, mas traduzir em palavras os sentimentos que brotaram em meu coração a partir de um fato que observo todos os dias no percurso que realizo dentro do veículo público. Este texto vem falar especialmente disso, de uma simples viagem de retorno para casa depois do trabalho. As vezes nos é necessário um olhar apurado para observar no cotidiano o novo de Deus.

Bom, vamos lá. Num certo ponto do itinerário que minha linha percorre sempre entra uma jovem mulher. Séria, com um olhar sempre em direção ao horizonte. Algumas vezes entra só, outras vezes com algumas amigas. Contudo, num destes dias, ela veio se assentar num banco a frente do meu e começou a falar com sua amiga sobre a alegria que tinha de voltar do trabalho. Pensei. É, todo mundo tem alegria de retornar do trabalho para poder descansar e aproveitar do aconchego do lar. Mas esta mulher continuou dizendo que é muito bom voltar do trabalho para que possa receber um abraço.

Nesse momento, chega um amigo. Ele se assenta ao meu lado e começamos a conversar, e por isso não consegui entender o porque do abraço. Como sou muito curioso, fiquei encucado. Mas deixei pra lá. Acabou que meu amigo desceu logo em seguida, e eu continuava no ônibus com esta mulher, até que num certo tempo ela resolve descer, dá o sinal ao motorista, se encaminha para a porta, desce as escadas, e de longe, ouço uma voz: “Mamãe, Mamãe!”. Volto meu olhar para a rua, e vejo uma linda criança correndo, com um brilho nos olhos, em direção a sua mãe que acaba de descer do veículo.

As vezes, para você, este pequena cena, retirada do corrido cotidiano parece meio sem sentido, mas vou tentar explicitar o que me veio ao coração naquele momento. Precisamos retornar ao sentido verdadeiro do amor. Um amor que vai ao encontro. Um amor que não se cansa de esperar a quem ama. Um amor que se lança. Um amor que mesmo, ao passar das horas, dias e anos, não se cai numa rotina ou ali se permaneça esquecido.

Creio eu, que necessitamos todos os dias renovar nossa carga de amor. Renovar todos os dias aqueles que mais amamos, nosso carinho, nosso agradecimento, nosso amor. Somente quando permitirmos sermos rasgados pelo novo dentro do enorme cotidiano fatídico, saberemos compreender o amor, ou melhor, saberemos compreender a forma com que Deus nos ama.

Um grande abraço a você! 
Luis Fernando Cruz

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